*Por Patrícia Habis

A gestão de pessoas tradicional, baseada no que acontece apenas dentro da empresa e de papel fiscalizador, já não funciona mais na realidade pós-pandemia. As relações de trabalho se transformam a cada instante dentro das empresas, tornando-as espaços de confiança e cada vez mais colaborativo, com foco em objetivos e resultados concretos que permeiam o crescimento profissional com o equilíbrio das atividades pessoais.

A possiblidade de home office, horários flexíveis e maior balanço entre a vida pessoal e profissional eram demandas discutidas e priorizadas pelos funcionários desde antes de 2020, mas havia uma dificuldade nas empresas em se adaptar à essa realidade. Não devemos mais buscar quais são as mudanças que a pandemia trouxe ao mercado de trabalho, mas sim entender o que muda na gestão de funcionários e equipes, na cultura da empresa e, principalmente, como reter e motivar talentos.

 Nos últimos meses, motivar a equipe é a maior preocupação e dificuldade dos gestores nas empresas, de acordo com a 12ª edição do Índice de Confiança Robert Half (ICRH) – que revela as expectativas atuais do mercado de trabalho a cada 6 meses. Pensando nisso, um dos pilares fundamentais para as empresas que têm o funcionário como cerne da cultura corporativa é: como liderar em um ambiente virtual ou híbrido? Como gerenciar equipes em ambientes distintos entre si? Ou mais ainda: como inserir, em caso de novas contratações, ou manter o funcionário na cultura da empresa?

 A valorização de feedbacks “one-to-one”, somente entre o gestor e o funcionário, além dos de equipe, reuniões abertas com as lideranças da empresa para informar e inspirar novos projetos, programas de reconhecimento e espaços de interação entre funcionários e líderes são exemplos de programas que aproximam diferentes grupos dentro de uma empresa e criam novas possiblidades e ambientes acolhedores ao invés de competitivos.

É importante partir do princípio que os valores de uma empresa ou entidade são pétreos na resolução de problemas, especialmente em momentos de crise. As habilidades e ferramentas de liderança não devem mudar, quais sejam as oportunidades de feedback, a escuta empática, o gerenciamento e a distribuição de tarefas. O que muda, começando agora, é a forma com que são entregues essas demandas.

Treinar as lideranças é fundamental e a base para que as mudanças e transições sejam eficientes e atinjam seus objetivos. Por exemplo na Assurant, a estrutura global de treinamentos é desenvolvida com base na experiência dos diversos países em que atuamos e, com isso, é possível antecipar desafios e oportunidades.

O primeiro passo deve sempre partir do líder e a maior dificuldade aqui é entender e reconhecer a situação da pessoa do outro lado da tela. Antecipar que o funcionário não está bem ou está com algum problema, profissional ou pessoal, que possa afetar seu rendimento é mostrar que o líder está atento ao indivíduo e se importa com mais do que apenas entregas.

Neste ponto é importante preparar o gestor para três momentos: identificar e gerenciar o funcionário em crise e para o momento de ter conversas difíceis, porém necessárias para o bom relacionamento entre pessoas e para o desenvolvimento da empatia. Do lado do funcionário, é necessário uma equipe de suporte, como o Programa de Apoio Pessoal (EAP), que conta com psicólogos, assistentes sociais, apoio jurídico, fisioterapeutas, nutricionistas, e preparadores físicos.

Agora, temos conversas inéditas, que não existiam antes no mercado de trabalho, tal como ouvir de um funcionário que não deseja retornar ao ambiente físico de trabalho, por mais que este seja valorizado pela empresa. Ao reconhecermos que o funcionário é o ponto focal da cultura e reforçamos com a escuta empática, entendemos o funcionário. É importante transformar essas conversas inéditas em estruturadas, para então unificar a liderança para caminhar ao mesmo objetivo.

Todo este processo não seria possível sem a implementação de projetos de gestão e treinamentos de liderança que tornam a Assurant consistente no quesito em todo o mundo e aproximam as lideranças dos funcionários. A adaptação constante nos permite enxergar além e progredir juntos, com segurança e confiança.

 

*Patrícia Habis é formado em Psicologia com pós-graduação em Recursos Humanos pela Fecap. Possui mais de 22 anos de experiência em recursos humanos de grandes empresas nacionais e multinacionais. Atualmente tem como principal desafio apoiar as lideranças na transformação organizacional e na gestão do capital humano como gerente de recursos humanos na Assurant Brasil, onde sua atuação estratégica, focada em pessoas, já fez com que recebesse o prêmio GPTW Barueri de 2016 a 2021 e o prêmio GPTW Mulheres em 2017.